domingo, 22 de maio de 2011

Analise do exercício do Meyerhold - por Márcio Antunes

Desde que iniciamos os exercícios de biomecânica do Meyerhold, comecei analisar a complexidade dos exercícios a partir da minha experiência em exercícios corporais como ator e do conhecimento do que para mim foi passado por biomecânica a partir da visão da graduação em fisioterapia.
Segundo os estudos da biomecânica de Meyerhold, sua principal intenção era que o ator adquirisse a destreza essencial para os movimentos cênicos. Fui procurar o significado exato de destreza e encontrei “A destreza pode ser qualificada quanto à proporcionalidade física ou não, tendo em conta que ainda temos no mesmo grupo, a velocidade, a força, a resistência. Destreza também é uma maneira de dizer habilidade, agilidade, aptidão. O termo destreza está relacionado também a direito, que fica do lado direito, ou seja, o destro.” Resolvi discutir esses 3 temas a partir do exercício da “PEDRA” do Meyerhold, quem não conhecer e tiver interesse em conhecer no blog da maquinaria tem os vídeos.
Como velocidade o exercício trabalha com ritmos em tempos (rápido, moderado e devagar) na execução dos movimentos propostos. Esse ritmo ativa uma consciência muscular através de duas formas:

- Primeira: Ao graduar o movimento como, por exemplo, controlar o tempo que desce o antebraço, essa graduação exige uma dose certa de contração muscular, quando se percebe que se passar dessa dose vai desestabilizar o braço que já esta na posição correta sustentada pelo ombro, isso tudo ativa uma consciência que te leva a perceber que é preciso movimentar a articulação do cotovelo contraindo os músculos inseridos nessa articulação e manter em uma contração estável os músculos inseridos na articulação do ombro.

- Segunda: Quando precisamos reproduzi-lo de uma forma bem desenhada, pois quase todas as posições exigidas trazem um desequilíbrio de cabeça, esse desequilíbrio causa uma alteração na percepção corporal no espaço, pois estamos adaptados a nos equilibrar com a cabeça na posição bípede em relação a força gravitacional (perceba quando se vira um bebe na horizontal, a primeira reação dele será posicionar sua cabeça o mais próximo possível do ser humano em pé). O exercício da pedra te leva então a dominar seu corpo graduando as contrações musculares exatas em outros eixos de organização estrutural corporal como as posições em que se esta com a coluna flexionada e a cabeça apontando para o chão.
Como força vejo que os exercícios do meyerhold não trabalha ganho constante de hipertrofia, os corpos dos atores quando se observa os registros da época nunca são corpos fortes, mas são corpos de musculaturas bem definidas, a hipertrofia acontece pelo peso do corpo, mas quando a musculatura se adapta aquele peso ela para de hipertrofiar e mantem uma força suficiente apenas para seu próprio gasto energético. O ganho de força acontece por dois tipos de contração: contração concêntrica (quando a contração vence a resistência e acontece um movimento levantar o braço) e contração excêntrica (quando a contração esta estática sem movimento, sustentar o braço aberto por exemplo). Por isso os corpos dos atores de Meyerhold são sempre definidos mas não aparentemente fortes.
Como resistência entra uma outra discussão de Meyerhold sobre seu trabalho após a revolução, a partir da teoria do teylorismo, que é o mínimo de gasto enérgico possível na execução do movimento, a repetição diária do exercício com a consciência corporal já discutida acima cria uma resistência muscular suficiente para o total controle muscular necessário para todo o aperfeiçoamento do trabalho do ator.
Através de toda essa percepção, meyerhold atinge seu objetivo ao permitir ao ator uma dilatação de toda a sua musculatura envolvida nesse exercício da Pedra que é o que mais temos vivenciado. Quero conhecer outros exercícios para saber se são explorados outros grupos musculares, pois apesar de serem muito os grupos musculares recrutados no exercício da Pedra, ainda não são todos os necessários para um ator considerar que tem a destreza essencial para todos os seus movimentos cênicos.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O Teatro de Maquinaria é um coletivo formado por artistas com sólida experiência profissional em diversos campos das Artes, em especial o Teatro, quais se encontram atualmente residindo na cidade do Rio de Janeiro. No momento, o coletivo propõe a assimilação artesanal das maquinarias disponíveis nas linguagens do mundo contemporâneo como ferramenta de criação artística, uma analogia com a poética da produção audiovisual e digital.

Crepúsculo aos Pés da Pedra


É um projeto de montagem teatral a partir do clássico filme estadunidense Sunset Boulevard (1950), traduzido para o português por Crepúsculo dos Deuses. O processo foi iniciado em agosto de 2010 e propõe a criação artística através de um diálogo entre as artes cênicas e as artes audiovisuais, entre o teatro e o cinema/vídeo. Partindo, principalmente, dos temas, elementos e procedimentos da sétima arte para a construção de sua linguagem teatral.

Cidade em Fotodrama


Como parte do processo de montagem do projeto Crepúsculo aos Pés da Pedra, o Teatro de Maquinaria amplia seu campo de atuação através da intervenção urbana. Nesse caso, o objetivo é promover um dialogo com a rua, a cidade e seus personagens, potencializando a experiência pública dos atores na experimentação dos mecanismos artesanais descobertos no processo artístico do espetáculo.

Fabricio Moser